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E se a Cura Para a Ansiedade Não Fosse Eliminar o Sentimento? Uma Nova Abordagem

  • Foto do escritor: João Paulo Soares Fernandes
    João Paulo Soares Fernandes
  • 3 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de set.



alvez você conheça bem essa história: uma sensação estranha no peito, os pensamentos acelerando, o corpo inquieto, uma angústia que vem do nada — ou de tudo.

Você tenta se acalmar, respira fundo, se distrai, mas lá está ela de novo: a ansiedade. Persistente, incômoda, às vezes sufocante.

É comum acharmos que nosso objetivo deveria ser eliminar essa sensação, como se ela fosse um defeito de fabricação. Mas a verdade é que o problema raramente é a ansiedade em si. O problema é a guerra que declaramos contra ela.


Com Carinho e Curiosidade: O Que Acontece no Seu Cérebro


Quando a ansiedade surge, seu cérebro não está tentando te sabotar. Ele está tentando te proteger. Uma pequena região, a amígdala, funciona como o alarme de incêndio do seu corpo. Ela dispara diante de qualquer ameaça, real ou imaginada.

O problema? Para nosso cérebro criativo, um e-mail não respondido, uma reunião importante ou a simples ideia de que algo pode dar errado soam como um alarme real. E seu corpo reage como se estivesse diante de um perigo iminente.

Enquanto isso, o córtex pré-frontal, nosso "adulto na sala", tenta avaliar a situação com calma. Mas quando o alarme da amígdala está soando muito alto, ele simplesmente não consegue ser ouvido. É por isso que, em uma crise de ansiedade, tudo parece urgente e catastrófico.


A Verdadeira Armadilha: A Guerra Contra o Sentir


Aqui está o ponto mais importante: a ansiedade, por si só, é apenas energia e informação. O que a transforma em sofrimento é a nossa luta desesperada para não senti-la.


A neurociência nos mostra que tentar suprimir ou lutar contra um sentimento indesejado pode, paradoxalmente, intensificá-lo. Quanto mais você diz a si mesmo "não posso sentir isso", mais alto seu sistema nervoso grita.

Então, a pergunta que pode mudar tudo é: e se o caminho não for lutar, mas sim acolher?

Não com resignação, mas com a gentileza de quem cuida de um sistema nervoso sobrecarregado.


Pequenos Atos de Reconexão: Como Treinar seu Cérebro para a Calma


A boa notícia é que nosso cérebro pode aprender novas rotas. Práticas simples e consistentes podem ajudar a "diminuir o volume" do alarme e fortalecer a voz calma do regulador.


  • Dê um nome ao que você sente: Simplesmente dizer para si mesmo, "Ok, isto é ansiedade", já ativa áreas do cérebro que ajudam a regular a emoção. Nomear nos tira do centro do furacão e nos coloca na posição de observador.


  • Respire mais longo do que inspira: Inspire suavemente contando até 4 e expire lentamente contando até 6. A expiração mais longa envia um sinal de segurança para o seu corpo, dizendo ao alarme que o perigo já passou.


  • Ancore-se nos 5 sentidos: Quando a mente estiver no futuro, traga-a de volta para o agora. Note 3 coisas que você pode ver, 2 sons que pode ouvir e 1 sensação no seu corpo (seus pés no chão, o tecido da sua roupa).


  • Pratique o autocuidado mínimo: Não se cobre perfeição. Pergunte-se: "Qual é a menor coisa que posso fazer por mim agora?". Talvez seja beber um copo de água, se espreguiçar por 30 segundos ou apenas se permitir descansar sem culpa.


Você Não Está Quebradx — Você Está Aprendendo


Sentir ansiedade não é um sinal de fraqueza. É um sinal de que você é um ser humano sensível, tentando navegar um mundo complexo.

Se a ansiedade tem sido um fardo, talvez o convite seja para soltar as armas e começar a escutar. A psicoterapia pode ser um espaço seguro para aprender a fazer isso: reconhecer seus gatilhos, entender a mensagem por trás da ansiedade e cultivar, passo a passo, uma nova forma de estar consigo mesmo(a).

Sua mente pode aprender a paz. E a ansiedade pode deixar de ser a protagonista da sua história para se tornar apenas uma visitante ocasional. 





Referências :

Harris, R. (2019). ACT simplificado: um guia prático para a terapia de aceitação e compromisso.)

Hayes, S. C., Strosahl, K. D., & Wilson, K. G. (2012). Acceptance and commitment therapy: The process and practice of mindful change (2nd2 ed.). The Guilford Press.

Hayes, S. C., & Smith, S. (2019). Saia da sua mente e entre na sua vida: A nova terapia de aceitação e compromisso. Artmed.)

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